Jung

Por que você não chora?

2021

O filme, indicado para o Festival de Gramado. Apresentaremos este seminário, antecipando a apresentação, com o objetivo de levantar reflexões, estudos e discussões a respeito dos traumas precoces, desencadeadores de graves distúrbios psíquicos, a perdurarem durante toda a vida do indivíduo e construidores do seu destino no mundo. A história: Jéssica é uma estudante do último ano Psicologia. Como acontece nesta fase, ela deverá atender os pacientes, sob supervisão. É designada a ela uma paciente, Barbara, para atendimento em AT (Atendimento Terapêutico). É um caso de alta complexidade por se tratar de paciente com diagnóstico de Transtorno Borderline. Jéssica está imersa em seu mundo interior, dominada por traumas produtores de extremas angústias e processo depressivo altamente degenerativo. A supervisora percebe que, situações perigosas estão na iminência de acontecer e insiste, veementemente, que Jéssica não falte nas supervisões e que faça a sua psicoterapia pessoal. Dentro de fortíssimo mecanismo de defesa, próprio de quem está dominado por grande sofrimento, ela se nega à terapia e falta nas supervisões. A história trágica de Jéssica tem o seu início no nascimento. A mãe apresenta quadro de grave (talvez, deflagrada no pós-parto de Jéssica) e não é capaz de cuidar do bebê. Deixa-a no berço, exposta à chuva, que entra pela janela, em ambiente insalubre, cheio de goteiras, que caem sobre ela em noites de assustadora tempestade. O pai é totalmente inconsciente de tudo o que acontece ao redor e, irresponsavelmente, não toma qualquer atitude em favor do bebê ou de ajuda à esposa. Esta cena do bebê molhado na cama, aos gritos e a mãe apenas olhando para ela, sem qualquer expressão, configura o seu futuro e, até mesmo, a expressão plastificada, que ela adquire, sem sorriso ou choro. É o que dá nome ao filme. Em noites perturbadas com pesadelos, ela tem visões cenas, presas no seu inconsciente, referentes a esta idade. Vê-se enclausurada, mergulhada em mar revolto, nua e absolutamente só. Começa aí, a construir o plano de suicídio. Poderia ser inspirado pelo sonho do enforcado, representante da sua extrema angústia ou, então, do afogamento, seu símbolo arquetípico do desamparo. Sua paciente tem boa evolução. Consegue arranjar um emprego e passa a lutar pela posse da guarda do filho. Tem argumentos sólidos, válidos para convencer o juiz da boa mãe que ela é, apesar do distúrbio. Neste sentido, Barbara avança no seu tratamento com Jéssica e vai se tornando cada vez mais independente. Já, Jéssica, caminha para o caos. Jéssica se observa na irmãzinha de 9 anos, bem mais nova que ela, portanto. Vê a repetição do seu drama, agora na irmã, que sofre o mesmo abandono da mesma mãe, desprovida de recursos. A irmãzinha não brinca na escola, tem dificuldades de aprendizado, não tem amiguinhos, não sorri e não chora. Também tem a face sem qualquer emoção ou, com a expressão de todas as angústias do mundo. Jéssica ama a irmã, tenta protegê-la, mas, como a mãe, também não tem recursos para o fazer. Jéssica está no seu máximo da sua angústia, enquanto Bárbara se desenvolve. Jéssica decide vender o convite de formatura. Junta com mais algumas economias e entrega um envelope com R$ 6000,00 para a irmãzinha. Junta todos os seus pertences em malas com o nome e endereço da irmã, tranca o quarto e comete suicídio por afogamento, confirmando a sina desenhada desde o seu nascimento.

Cibele Amaral enfoca a depressão, distúrbios emocionais e uma investigação acerca de pacientes em situação de intenso desequilíbrio, unindo a protagonista Jessica, que de muitas formas, se identifica com a sua paciente Barbara.

Sem aguentar o próprio tratamento psicoterápico, Jéssica passa a mergulhar em seu universo dolorido e carregado de abandonos, expondo a sua própria ferida oriunda da falta básica, dramática e trágica.

Com base no filme a discussão se dará em torno das questões do sofrimento infantil, precoce e traumático, da vivência das crianças na escola, dos motivos internos que levam às escolhas profissionais e, finalmente, da falta de apoio psicológico aos alunos e futuros profissionais, de qualquer carreira, mas em especial, ao graduando de psicologia.

A tragédia decorrente é anunciada, exemplificando o que acontece no dia a dia de escolas infantis e cursos universitários.

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